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O bitcoin pode fazer parte da sua vida antes do que imagina


A tecnologia da moeda virtual — quem diria — atrai a atenção de um número cada vez maior de instituições financeiras tradicionais no Brasil e no exterior


São Paulo – Por mais que o sistema bancário seja digitalizado e interconectado, transferir dinheiro para uma pessoa no exterior ainda é um processo que tem mais a cara dos anos 90. O cliente precisa solicitar uma ordem de pagamento, pagar taxas que podem chegar a 200 reais e esperar, em média, quatro dias para que a transferência seja concluída — uma eternidade nos dias de hoje.
Boa parte da culpa pela demora está na checagem necessária para garantir que o dinheiro saia de um país e chegue a outro. Como reduzir esse custo e o tempo de transferência é de interesse dos bancos, vários deles estão buscando alternativas.
Entre elas, uma das mais promissoras é a usada pela concorrência — nesse caso, a tecnologia da moeda virtual bitcoin, criada em 2009 por programadores anônimos e libertários interessados na circulação de dinheiro longe das garras estatais. O que tem chamado a atenção dos bancos é o software do bitcoin. Ele garante que a moeda virtual saia de uma conta e chegue a outra.
O mecanismo, conhecido como blockchain, funciona da seguinte forma: primeiro, as transações são identificadas com um código único em um arquivo digital. Depois, esse arquivo é copiado e enviado para todos os computadores que fazem parte da rede. Dessa forma, cada máquina mantém um registro de todas as transações feitas dentro do sistema, uma espécie de auditoria coletiva e automatizada. Em linhas gerais, é justamente algo assim que as instituições tradicionais precisam para agilizar processos como a remessa de valores.
Os bancos americanos Goldman Sachs e Citi, os europeus Santander e UBS e os brasileiros Itaú e Bradesco já estão fazendo testes com a ferramenta blockchain. Nos últimos três anos, o setor financeiro investiu 1,4 bilhão de dólares em pesquisas sobre a tecnologia, de acordo com um relatório recente do Fórum Econômico Mundial.
O maior interesse é a economia que esse sistema tem potencial de gerar — inicialmente nas remessas de valores e, mais tarde, em transações locais também. A estimativa é que o custo de uma transferência internacional possa cair 40%; e o tempo, reduzido a apenas 1 hora. “Os bancos perceberam que a tecnologia do bitcoin é o futuro de seus serviços”, diz o economista americano David Yermack, professor de finanças na Universidade de Nova York.
Hoje uma das grandes barreiras para que a tecnologia seja utilizada é justamente definir um sistema único para todos os bancos. Mas há alguns projetos com esse objetivo em andamento. O mais avançado é o da startup americana R3, uma espécie de consórcio que reúne 60 instituições financeiras e também empresas de tecnologia, como Microsoft, IBM e Amazon.
“É um projeto de longo prazo. Mas a tecnologia vai começar a ser usada nos serviços financeiros de forma limitada em um ano”, afirma o americano Marley Gray, diretor da Microsoft à frente do projeto. Os bancos brasileiros Itaú e Bradesco e a Bovespa são algumas das instituições que se associaram ao grupo da R3 recentemente. O Bradesco montou uma equipe de dez desenvolvedores e firmou uma parceria com a Bit.One, startup do Rio de Janeiro especialista na tecnologia.
Além de definir um sistema único, as instituições tradicionais também precisam superar uma grande limitação técnica. Atualmente, o blockchain consegue processar apenas sete transações por segundo e precisa de 10 minutos para que a informação seja registrada em todos os computadores ligados à sua rede. “A tecnologia ainda está dando os primeiros passos e vai precisar aumentar sua capacidade”, diz Jesse McWaters, economista de inovação financeira do Fórum Econômico Mundial.
Para se tornar popular entre os bancos, o blockchain também terá de provar que é seguro e conseguir a aprovação dos bancos centrais. Mas, mesmo com tantas barreiras, as instituições tradicionais estão otimistas — o que não deixa de ser irônico. Uma tecnologia criada para combater o status quo pode se tornar uma arma tecnológica justamente a serviço dos bancões.

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